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6/09/2015

O garoto, a rua e o patinete

 Ontem terminei um ÓTIMO livro de 500 paginas, coisa que nunca me imaginei fazendo, mas nunca mesmo, eu era o tipinho de pessoa que odiava ler sem nem ter tentado, a escola , que normalmente é onde temos nosso primeiro contato com livros , não ajudou muito nesse primeiro encontro, hoje eu entendo a importância literária de um Machado de Assis, entendo que o cara foi genial não revelando se traiu ou não, escrevia PARA CARALHO HEIN? PQP, mas quando mais jovem isso tudo é um saco, eu estava cagando pros olhos de ressaca da dona Capitu, Eu estava mais preocupado com os olhos do Shiryu, o cara se cega, com seus próprios dedos, não satisfeito ainda sai no soco com um mano, comparar isso com olhos de ressaca, ou ainda com a paranoia doentia de bentinho, a me faça um favor, fato é que independente do que você diga, passar esses livros de difícil leitura/chatos, para adolescentes ou mesmo crianças, é como vacinar elas contra o vírus do livro, elas crescem com uma ideia cravada na cabeça, livros são ruins, chatos, quanto mais paginas pior e etc, mas hoje o post não fala sobre literatura, muito menos sobre livros, MENOS ainda de cdz, hoje o post narra as desventuras de uma gangue muito frenética em cima de seus patinetes, mais especificamente de um de seus membros, fazendo algo que nunca se quer tinha imaginado fazer com ele mesmo.










 O barulho das rodinhas ecoava pela rua, deviam ser entre 7/9 crianças, gordas, magras, gordas pra caralho e o Marcel, no auge dos seus 9/10 anos com seu já batido patinete, ainda lembro daquelas rodinhas verde florescente em contato com o solo, após uma breve discussão com a gangue, todos se dirigiam, com a maestria de capivaras cegas, para uma rua que apelidamos carinhosamente de DESCIDÃO, mesmo o nome sendo auto explicativo acho justo comentar que essa bosta de rua parecia uma montanha russa, mas sem a parte de subir pra depois descer, só descida, uma direto para o limbo do bairro, chegamos, todos  observaram em silêncio até o primeiro perguntar o que todos queriam saber:
- Então quem vai primeiro?
- Pode ser o Marcel - Comentou um deles,
Comentários concordando com essa afirmação vieram rápidos e certeiros, questionei quando vi que era possível.
- Posso saber por qual CARALHOS de motivo eu devo ser o primeiro?- disse de braços abertos como o Cristo no rio.
- Não tem que ter um motivo é você e pronto, vai logo seu cagão.
  É de conhecimento geral que algumas palavras vão se modificando conforme ficamos mais velhos, algumas perdem significado outras ganham múltiplos significados, algumas a gente esquece, enfim, era óbvio que a palavra 'cagão', não passava de uma provocação barata e mal planejada, mesmo assim veio como um soco na cara para o Marcel de 10 anos, Dessa forma o colocando em uma posição de difícil escolha: Ir e quem sabe ter sucesso em sua missão,  ficar e ser lembrado como o cagão.
  Eu queria que tivesse sido diferente. Não foi. 
 Me posicionei em frente ao abismo de asfalto, respirei fundo, alguns comentários ao fundo preenchiam minha cabeça com merda, "VAI LOGO ÔôÔÔÔ CAGÃO" era quase um padrão dentre eles, respirei novamente, dessa vez mais fundo, olhei uma ultima vez antes de descer, para o céu, pensando por um breve momento se o que eu estaria prestes a fazer era uma boa ideia, claro que não era, mas só eu pensava isso naquela ocasião, dei o primeiro impulso.
 Tudo corria muito bem, até cheguei a pensar que daria tudo certo, o vento em meu rosto fazia eu me sentir livre, feliz,  eu estava voando, a velocidade  aumentou, MUITO, de uma forma gradativamente perigosa e rápida, em minha mente um único pensamento reinava acima de qualquer outra coisa, soberano, inquestionável, irrefutável, FUDEU MUITO. Até tentei usar o freio do patinete, aquela parte de ferro traseira, mas aquilo é uma coisa completamente inútil depois de atingir determina velocidade, tentar apelar pra ele só resultou em uma quase queimadura na sola pé, meu chinelo não estava pronto para tal tarefa, nem eu, mas enfim, quando desisti do freio percebi outra coisa além da velocidade que só ia aumentando, na metade do abismo o patinete já não estava mais sobe meu controle, começou a bambear igual uma moça, apresentando uma dança do ventre maligna, foi difícil sentir meu corpo saltar do patinete, aceitar tudo isso é complicado, sabe quando você já esta ciente que vai cair, você só aceita, mesmo sendo difícil, vi o asfalto chegar cada vez mais perto, rápido, solido, eu cai igual um saco de bosta.
 Cheguei a quicar no chão como uma bola de basquete um pouco mais gordinha, rolei no asfalto como uma panqueca, e ainda gritei como um guerreiro espartano até finalmente parar perto da guia estirado no chão como um já mencionado saco de bosta, meu patinete andou mais alguns metros sozinho, fiquei parado ali apenas observando novamente o céu, estava sentindo dor por todo o meu corpo, cada pedaço da minha fúnebre existência doía,  isso até que era bom, me lembrava que eu não deveria mais fazer essas coisas estupidas, e também que eu estava vivo, acho que mortos não sentem dor, alguns gritos vinham lá do topo do abismo, consegui distinguir dois seres humanos de teta correndo em minha direção, quando estavam mais próximos perguntaram com medo:
- MANO SE TA VIVO?
- Não sei...
 "TÁ VIVOOOO" eles gritaram para o grupo que não quis se aventurar no abismo para me socorrer.





Bom mais um post que chega ao fim, espero que você tenha gostado e que também tenha se lembrado das merdas que você fazia com um desses nos pés, espero também que você seja uma pessoa legal e volte outro dia, bj na nadega e até o próxima.



ps: naquela época o metiorlati não vou pesquisar como escreve essa merda você entendeu ardia como as lagrimas de um tinhoso alado,  minha mãe me deu banho daquilo, isso não foi legal.


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